Certo
dia em um culto abençoado, foi pregada a Palavra de Deus com o tema: "O
Dilúvio". No fim do culto o pastor perguntou à igreja o que
poderíamos concluir das palavras de Gênesis 8.21: “Sentiu o Senhor... em seu coração: Não tornarei mais a
amaldiçoar a terra por causa do homem;... nem tornarei mais a ferir todo
vivente, como acabo de fazer”.
Uma
passagem paralela seria Gênesis 6.7, em que Deus diz que se arrependeu de ter
feito o homem. Diante da pergunta do pastor, um importante ancião da igreja
levantou-se e respondeu que também Deus cometia erros! Seu tom era indiferente,
como se fosse tranquilizador o fato de Deus ser tão “humano” e parecido conosco
nesse ponto. Tenho certeza de que ele falava sério, como se Deus realmente
tivesse sido forçado a reconhecer que cometera uma bobagem e agira de forma
precipitada e em ira descontrolada.
Para
mim essa afirmação é totalmente inaceitável, não posso conviver com isso!
Como
poderíamos confiar em um Deus que comete erros?
Onde
mais Ele teria cometido erros, ou onde os cometerá?
Talvez
também haja erros na Escritura Sagrada, mas onde?
Talvez
o Gólgota tenha sido um erro?
Não
seria possível confiar em mais nada, a fé e a igreja não teriam mais sentido.
Como vocês entendem a expressão “arrependeu-se
o Senhor”, sendo que em Números
23.19 (também em 1 Samuel 15.29) está escrito: “Deus não é homem, para
que minta; nem filho do homem, para que se arrependa”?”
A resposta a estas perguntas, e não podia ser diferente, se
encontra também na Palavra de Deus: O trecho que diz que Deus se
arrependeu está em Gênesis 6.5-6: “Viu o Senhor que era grande a maldade do
homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má
continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na terra, e
isso lhe pesou no coração”.
A palavra hebraica para “arrepender-se” não pode ser entendida
como arrependimento ou reconhecimento de erro da parte de Deus. Isso fica claro
em Números 23.19: “Deus não é homem, para que minta; nem filho
do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou,
havendo falado, não o cumprirá?”.
A palavra “naham” (arrepender) tem o significado
básico de “ter compaixão” ou “lamentar”. Por isso, o estudioso judeu Martin Buber
traduziu o versículo desta forma: “Lamentou-se ele de ter feito o homem sobre a
terra, e angustiou-se em seu coração”. O sentido geral é que Deus sofre junto
conosco quando precisa nos castigar. O Todo-Poderoso não gosta de punir, isto o
angustia, Ele o lamenta, mas precisa agir assim por causa de Sua Santidade e
Justiça. Por isso, o arrependimento de Deus deve ser entendido como
misericórdia, como indicação da impossibilidade de suportar a situação
pecaminosa gerada pelo homem, que exige a retirada do Seu favor.
Portanto, o texto não expressa que Deus esteja descrevendo sua
ação como um erro, pois Ele continua tendo razão em tudo o que faz (Jr 12.1). Na verdade,
Ele lamenta que o homem se feche ao propósito do Seu amor. É dessa forma que
esse “arrependimento de Deus” nos permite ver o que passa em seu coração.
Até a próxima em Nome de Jesus.
Abraços,
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